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Friday, November 03, 2006

A imaginação como educação





No país das maravilhas


"Mamã - diz Maria de quatro anos - a Branca de Neve diz que me vai levar ao bosque para conhecer os sete anões..."

- Está bem - diz a mãe aborrecida -, mas não digas essas parvoíces e não mintas mais.

É bom observar com a criança as mentiras que ela inventa. Para os miúdos, às vezes, o real anda de mãos dadas com o imaginário. Quando inventam, não mentem intencionalmente, apenas imaginam. Neste artigo sugere-se como lidar com esse pequeno sonhador e orientar a sua imaginação.

A criança costuma misturar o real com o imaginário. Não sabe onde termina um e começa o outro. Branca de Neve, Capuchinho Vermelho, a bruxa ou o dragão podem ser companheiros de jogos.

O trabalho dos pais e educadores deve ser o de orientar devidamente a imaginação do pequeno.

Há pessoas que pensam que o menino deveria descer à realidade em todos os momentos e que contar-lhe histórias de fadas é um absurdo.



Sonhar, faz falta



Qual será a atitude correcta?

Em nossa opinião, a criança deve dar rédea solta à sua imaginação para criar e, através da criatividade, desenvolver a sua inteligência. Um miúdo sem imaginação será mais tarde um adulto intelectualmente pobre.

A criança precisa de sonhar com personagens de ficção. Gnomos, princesas, gigantes e fadas fazem parte do seu mundo mágico. São os protagonistas criados pela imaginação infantil, através de inumeráveis histórias.

Educar o filho longe das fantasias próprias da sua idade é convertê-lo num pequeno-homem antes do tempo. A criança distingue-se do adulto pela capacidade e também pela necessidade de abstracção da realidade: pode falar com sereias, julgar que é um índio, vestir a bata de médico e operar o seu irmão mais pequeno e, logo a seguir, chamar a mamã para o levar à casa de banho. E tudo isto em menos de meia hora. Interpretou quatro histórias fantásticas, mas no fim converteu-se no filho da sua própria mãe...

Para se amadurecer bem, tem que se passar por algumas situações desde que se nasce até morrer, e a fantasia ocupa um lugar muito importante nos primeiros anos da vida.

Todas as crianças gostam de imaginar que são reais certas personagens, como o Super-homem ou os Reis Magos. A nós, adultos, fizeram-nos muito felizes. Nenhum menino pode ficar traumatizado por descobrir que não existem. Pelo contrário, a época do Natal, e outras, convertem-se em festas alegres para as crianças, que põem a trabalhar toda a sua imaginação.





O melhor método



Uma criança sem imaginação será no futuro um adulto intelectualmente pobre.

Não se deve cruzar os braços e esperar que o filho, naturalmente, desenvolva a sua imaginação. A mãe natureza não é suficiente. Tem que haver um empenho em dar ao pequeno todas as oportunidades possíveis para que imagine, crie e desenvolva o seu cérebro.

Como se consegue isso?

- Através de brincadeiras criativas com plasticina, construções e barro. A criança manipula directamente os materiais e faz árvores, casas, pontes, etc.

- O vídeo com um controlo e selecção de programas é um meio muito eficaz para estimular a imaginação.

- Os jogos com os objectos mais simples da casa. Procura-se fabricar brinquedos com caixas de sapatos, pedras, pedaços de madeira, miolo de pão, etc.

- Bonecos pequenos com os quais se podem inventar mil histórias.

- Tintas e muitas folhas brancas podem fazer do seu filho um pequeno Picasso.

- Os jogos de interpretação são muito divertidos; a mãe pode ser a avozinha e os pequenos o lobo e o capuchinho vermelho.

- O contacto com a natureza é muito importante para o desenvolvimento da imaginação da criança. Aproveitar os fins de semana e ir para o campo com os filhos. Contar-lhes histórias de animais. Ensinar-lhes os nomes e como crescem as árvores e as plantas, ou brincar com terra a construir cabanas...

- Os contos bem contados, ditos devagar, oferecem à criança muitos recursos para sonhar e imaginar.

- O banho também pode ser divertido: à segunda com muita espuma, à terça com sais de cor, à quarta com todos os bonecos na água, à quinta com óculos de mergulhar...

O grau de imaginação que se desperta no filho depende da maneira como ele é educado.

Não reprimir constantemente a sua imaginação e evitar:

- Que um filho se converta em sujeito passivo das suas actividades: colado à televisão ou observando como os outros jogam.

- Que se tenha que passar o dia inteiro a vesti-lo e a dar-lhe de comer...

É claro que tudo tem a sua idade e que os primeiros anos são aqueles em que é preciso acompanhar constantemente a criança, mas chegará o momento em que ele tem que vestir as calcas sozinho.

A atitude ideal é deixá-lo só, embora sob vigilância, para que aprenda a ter iniciativas.

- Não proteger demasiado o filho. Tem que cair, experimentar e conhecer. Se se meter numa redoma de vidro o seu cérebro nunca se desenvolverá. A mãe deve aprender a ser positiva quando educa o filho.

- Animá-lo a participar activamente nos jogos e a tomar as suas próprias iniciativas. Não decidir sempre por ele.

Demonstrar alegria quando mostra alguma coisa feita por ele próprio (de sonhos, bonecos coloridos, etc.).

- Tal como na educação, o exemplo é o mais importante: tratar o filho com imaginação, para que ele nos imite.

Fazer planos divertidos e variados

- Romper a monotonia diária com alguma surpresa inesperada: uma pessoa amiga que vem a casa almoçar ou o pato com que sonhava há muito e que o pai acabou por lhe comprar.





Pode haver motivos de preocupação?



Há crianças que estão convencidas de que são Robin dos Bosques, Asterix ou a Gata Borralheira. Algumas são mesmo capazes de ter conversas diárias com toda a família Disney.

Os extremos não são bons. A criança tem que perceber que a imaginação tem limites determinados e não pode levar dias inteiros a imaginar que é o Peter Pan.

Se um filho não faz mais nada do que sonhar e andar o dia inteiro nas nuvens, tal situação pode dever-se a algumas circunstâncias:

- Demasiada dureza em casa e castigos desmedidos.

- Pode ter problemas de timidez. Como lhe custa relacionar-se com crianças da sua idade, converte-se em Superman e desta forma sente-se seguro e forte.

- Muitas vezes ultrapassa os limites da imaginação para fugir a uma realidade familiar que lhe causa desgosto: discussões entre os pais, famílias separadas, ambientes de profunda tristeza...

- Notas más. Fracasso escolar. Sobretudo quando os pais reagem, maltratando psicologicamente os filhos pelas suas más notas.

Mas em qualquer altura é tempo de corrigir um filho, se ele sonha mais do que o devido. O remédio é tratá-lo com muito amor e paciência em doses elevadas.

- Nada de começar aos gritos sempre que diga que acaba de falar com o anão saltarino. Ensiná-lo a separar a realidade da fantasia: "Se quiseres, vamos conquistar o castelo da feiticeira má, mas tens de acreditar que ele não existe na realidade".

- Corrigir qualquer situação familiar negativa que possa influenciar a criança (brigas, discussões...).

- Procurar ser sempre muito sincero quando o miúdo faz perguntas, e adaptar as respostas à sua idade.





Verdade ou mentira



Por vezes castiga-se injustamente o filho e chama-se-lhe mentiroso, porque responde a uma pergunta de forma completamente disparatada: "João, guardaste o caderno? Não, o papá levou-o...". Isto é pura invenção, porque ele nem sequer sabe da existência do tal caderno. A reacção, infelizmente, é castigá-lo por não ter dito a verdade.

O que acontece é que ele tem um tal terror às reacções da mãe, que inventa qualquer coisa para sair da dificuldade.

Pode ainda suceder que nem pense na pergunta e, sem má intenção, diz a primeira coisa que lhe vem à cabeça.

Outra hipótese é o João gostar de inventar respostas, sobretudo quando nota que enerva os pais. De qualquer forma, a reacção dos pais não pode ser agressiva. Não gritar, nem chamar-lhe mentiroso. Isso será magoá-lo negativamente com um qualificativo que ele não merece e em que pode ficar a acreditar.

Quando se repara que o filho não disse a verdade, deve dialogar-se calmamente com ele, para que explique por que respondeu incorrectamente.

Procurar verificar se a mentira tem alguma coisa a ver com a sua imaginação ou invenção.

Quando a criança mente, oculta sempre qualquer coisa intencionalmente. Quando inventa ou imagina, não tem intenção de ocultar nada.





BLANCA DE LERÍES

FOCO N.º 61


Site Aldeia http://educacao.aaldeia.net/

27 conselhos sobre saber ver televisão




Como tirar o melhor partido do uso da televisão?

Especialistas em educação familiar oferecem-nos 27 úteis e práticos conselhos, para utilizar a televisão como um meio eficaz para a educação dos filhos. A televisão, utilizada com critério, pode ser um meio eficaz para a educação dos nossos filhos. Ninguém mais quer o melhor para os filhos do que nós, os pais. Portanto, estamos obrigados a utilizar a televisão como um meio mais, dos muitos que existem ao nosso alcance, para educarmos nos valores da vida. E temos o direito de que ela seja de qualidade e respeite o direito a crescer com dignidade.

1- Os filhos devem ser ensinados pelos pais tanto a ver programas televisivos gratificantes e enriquecedores, como a não ver aqueles que os possam degradar na sua dignidade humana. Se os pais não ensinarem os filhos a ver televisão, quem o fará?

2- Temos de ensinar aos filhos que não se deve ''ver televisão'', mas sim ver programas de televisão. Assim podemos revelar a capacidade de selecção e discriminação, que nos habilitará a ver aquilo que nos convém e a não ver aquilo que não nos convém ver. Devemos perguntar aos nossos filhos: ''Que querem ver? '', mas não: ''Querem ver televisão?''.

3- Para criar um critério de selecção, devemos evitar estar presos à televisão quando não estamos a ver um determinado programa.

4- Uma boa maneira de pôr em prática as ideias anteriores é não ter à mão o telecomando, o ''zapping'', ou o costume de mudar constantemente de canal, dado que isto é contrario ao critério de selecção que devemos criar nos nossos filhos para verem televisão.

5- Os nossos filhos não devem ter um aparelho de televisão no seu quarto. Este costume incentiva o isolamento e provoca uma dependência da televisão que é contrária à vida de família. Devemos ter presente que uma dependência desregrada da televisão impede o jogo dos nossos filhos, a sua criatividade e o convívio familiar.

6- É conveniente ter um horário pré-estabelecido para ver programas de televisão. Como todas as coisas, a televisão tem de ter ''o seu lugar'' na vida familiar, juntamente com outras actividades.

7- Não use a televisão como uma '' Ama electrónica'', dado que ela não cuida verdadeiramente dos nossos filhos, especialmente se os deixarmos ver ''o que está a dar''. Quando os pais trabalham, o critério é especialmente importante.

8- A capacidade de imitação que as crianças têm deve ser orientada para o conhecimento de personalidades reais e exemplares (por exemplo: desportistas, heróis da nossa história, poetas destacados, etc.), e não para ''heróis imaginários'' e inexistentes.

9- Deitar a culpa à televisão é uma saída fácil. Os pais não devem abdicar da luta para que em casa se veja boa televisão, tendo sempre presente que nos pertence a nós o dever e a responsabilidade de formar os nossos filhos.

10- Se for possível, é muito conveniente que os pais vejam televisão com os filhos. De maneira a poderem conhecer directamente os efeitos que os programas que vêem produzem neles.

11- Nem todos os programas são igualmente vantajosos. Devemos preferir que os nossos filhos vejam aqueles que têm a ver com o revelar de valores familiares, amor pela natureza, ocupação positiva dos tempos livres, estudo e desenvolvimento da cultura do espírito, etc., e não aqueles programas superficiais e sem fundamento.

12- Não é conveniente que a criança veja um programa que a iluda, tanto com a cumplicidade dos pais como às escondidas deles. Não convém dar por assente que todos os programas chamados infantis têm um conteúdo adequado. Nós, pais, devemos orientar os nossos filhos nesse sentido, o que nos obriga a informarmo-nos adequadamente a este respeito.

13- Nós, pais, devemos informar-nos do conteúdo dos programas de televisão. Qualquer programa que inclua erotismo, sexualidade, violência, maldade, promiscuidade, delinquência, racismo, etc., não é apto para crianças. E os pais devem sabê-lo, e evitar que os filhos vejam. Para adquirirem esse conhecimento, podem consultar os guias de qualificação da programação que se publicam ocasionalmente em diversos organismos e revistas de critério.

14- Há que ter presente que os filhos devem aprender os valores morais antes de mais nada no domínio da família e no convívio com os outros, e não com os personagens e acções da televisão.

5-Os pais de família devem fazer esforços para procurar alternativas à televisão: desporto, visitas a museus e parques naturais, sessões de teatro, projecções de vídeos, fomentar conversas familiares, praticar acções solitárias a favor dos outros, etc.

16 - A'' cultura da imagem'' deve chegar às crianças por outros meios que não seja exclusivamente a televisão, quer dizer por fotografias, exposições, mapas, leitura, etc.

17 - Inevitavelmente, e apesar dos nossos esforços, haverá conteúdos televisivos contrários aos valores familiares. É por esse motivo que nós, pais, devemos fazer o necessário para que os programas sejam analisados e discutidos em reuniões de família, por exemplo às refeições. Isto não só enriquece a comunicação familiar, mas também é uma boa maneira de dar um apoio à educação dos nossos filhos, evitando que se enraízem neles maus conteúdos televisivos.

18-As famílias, a pouco e pouco, podem criar uma colecção de vídeos com filmes e documentários de interesse para as crianças.

19-Os anúncios comerciais podem ser tão perigosos como os maus programas de televisão. Os pais devem estar muito atentos para que a televisão não torne os seus filhos pessoas superficiais ou consumidores de tudo o que se anuncia. Nunca se deve fazer caso da publicidade de jogos que incitem à violência, à discriminação ou ao racismo.

20- Ver ou não ver televisão não deve constituir para as crianças uma questão de prémio ou castigo.

21 - Os pais de família devem iniciar os seus filhos, segundo a sua idade e desenvolvimento, numa prudente e positiva educação sexual, na qual se evite que uma imagem distorcida da mulher e do sexo lhes seja transmitida, pouco a pouco, por meio da televisão.

22 - Nós, pais de família, devemos lutar para que qualquer programa de televisão infantil, realizado sem ética, sem respeito pelos valores e pelos direitos das crianças, seja qualificado como um delito pela legislação nacional. A má televisão infantil, ou "programação-lixo" tem como origem o desprezo pelas crianças como pessoas.

23 - Não devemos deixar que os nossos filhos vejam televisão-lixo. Se estes programas de televisão forem vistos pelos nossos filhos, farão com que confundam realidade e ficção; desorientar-se-ão e ficarão equivocados na compreensão do valor e do sentido da vida, e irão deformar a sua própria consciência. Transigir com a má qualidade desses programas de televisão impróprios para crianças, deixando-os ver, equivale a transigir e tornar-se cúmplice dessas pessoas que distorcem os valores e os direitos da infância.

24 -Nós, pais de família, devemos organizar-nos para exigir uma boa televisão, em horários infantis. As atitudes grosseiras, os hábitos e comportamentos anti-sociais, as linguagens obscenas, a perda do sentido da autoridade, a vulgaridade e a frivolidade, o direito a condutas menos correctas, qualquer desrespeito à vida humana, etc., devem ser eliminados, especialmente dos programas que tenham as crianças como destinatários.

25-Perante uma programação infantil com baixa, discutível e reprovada qualidade, os pais têm o legítimo direito de pôr em marcha uma crítica construtiva. Assim, devemos incentivar uma boa televisão, destacando os bons programas.

26-Os pais de família e educadores devem fazer compreender aos seus filhos que a televisão não é imprescindível nem é o único meio para ocuparem o seu tempo livre.

27-O exemplo é uma terapia eficaz. Se os pais vêem muita televisão, e televisão de má qualidade, com que critério vão evitar que os seus filhos vejam os programas que são negativos para eles?

FEDEPADRES
Santiago do Chile